ATA DA NONA SESSÃO SOLENE DA SEGUNDA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA TERCEIRA LEGISLATURA, EM 18-4-2002.

 


Aos dezoito dias do mês de abril do ano dois mil e dois, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quinze horas e cinco minutos, constatada a existência de quórum, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos da presente Sessão, destinada a homenagear os noventa anos do Colégio Militar de Porto Alegre, nos termos do Requerimento nº 055/02 (Processo nº 1230/02), de autoria do Vereador Valdir Caetano. Compuseram a MESA: o Vereador Carlos Alberto Garcia, 1º Vice-Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, presidindo os trabalhos; o Coronel Luiz Carlos Rodrigues Padilha, Comandante do Colégio Militar de Porto Alegre; o Coronel Irani Siqueira, representante do Comando Militar do Sul; o Coronel-Aviador Renato Meirelles, representante do V Comando Aéreo Regional - COMAR; o Senhor Cyro Martini, representante da Prefeitura Municipal de Porto Alegre; o Vereador Valdir Caetano, na ocasião, Secretário "ad hoc". A seguir, o Senhor Presidente convidou a todos para, em pé, ouvirem o Hino Nacional, executado pela Banda de Música do Comando Militar do Sul, sob a regência do maestro Subtenente Ivanir e, após, concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. O Vereador Valdir Caetano, em nome das Bancadas do PL e do PSB, parabenizou o corpo docente e discente do Colégio Militar de Porto Alegre, discorrendo acerca da época em que Sua Excelência foi aluno desta entidade e tecendo considerações acerca da importância exercida por essa instituição de ensino na formação do caráter e da personalidade dos alunos que a freqüentam. Em prosseguimento, o Senhor Presidente registrou a presença, como extensão da Mesa, do Senhor José Carlos Ferraz Hennemann, Vice-Reitor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS e, após, foi dada continuidade às manifestações dos Senhores Vereadores. O Vereador Reginaldo Pujol, em nome da Bancada do PFL, historiou a fundação do Colégio Militar de Porto Alegre, destacando algumas personalidades brasileiras que obtiveram sua formação educacional nessa instituição de ensino. Também, prestou sua homenagem ao transcurso do nonagésimo aniversário desta escola, ressaltando a qualidade de ensino proporcionado por esta entidade. O Vereador Estilac Xavier, em nome das Bancadas do PT e do PC do B, congratulou o corpo docente e discente do Colégio Militar de Porto Alegre pelos noventa anos de fundação dessa escola, salientando a qualidade de ensino proporcionada por essa instituição. Também, cumprimentou o Vereador Pedro Américo Leal por sua condição de ex-aluno dessa entidade. O Vereador Isaac Ainhorn, em nome da Bancada do PDT, parabenizando o Vereador Valdir Caetano pela iniciativa de propor a presente homenagem, chamou a atenção para diversos atos administrativos que propiciaram a implantação do Colégio Militar de Porto Alegre nesta Cidade. Também, enalteceu a sistemática de ensino adotada por esta instituição ao longo do tempo. O Vereador Pedro Américo Leal, em nome da Bancada do PPB, reportou-se à época em que Sua Excelência foi aluno do Colégio Militar de Porto Alegre, manifestando sua posição quanto ao ingresso de mulheres na referida escola e nas Forças Armadas. Também, procedeu à analise do comportamento da juventude nos tempos atuais no que tange à disciplina e o respeito às instituições. O Vereador Almerindo Filho, em nome da Bancada do PSL, pronunciou-se sobre a passagem do nonagésimo aniversário de fundação do Colégio Militar de Porto Alegre, parabenizando os professores e alunos dessa entidade de ensino. Também, lembrou o papel desempenhado por essa instituição no que diz respeito à manutenção dos valores morais e da disciplina da juventude brasileira. Após, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Coronel Luiz Carlos Rodrigues Padilha, Comandante do Colégio Militar de Porto Alegre, que agradeceu a homenagem hoje prestada por este Legislativo ao transcurso dos noventa anos do Colégio Militar de Porto Alegre. A seguir, o Senhor Presidente convidou os presentes para, em pé, ouvirem a Canção do Colégio Militar de Porto Alegre e, em continuidade, o Hino Rio-Grandense, executados pela Banda de Música do Comando Militar do Sul, sob a regência do maestro Subtenente Ivanir e, nada mais havendo a tratar, agradeceu a presença de todos e declarou encerrados os trabalhos às dezesseis horas e vinte e três minutos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Carlos Alberto Garcia e João Carlos Nedel e secretariados pelo Vereador Valdir Caetano, como Secretário "ad hoc". Do que eu, Valdir Caetano, Secretário "ad hoc", determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelos Senhores 1º Secretário e Presidente.

 

 


O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): Estão abertos os trabalhos da presente Sessão Solene, destinada a homenagear os 90 anos do Colégio Militar de Porto Alegre. Compõem a Mesa o Coronel Luiz Carlos Rodrigues Padilha, Comandante do Colégio Militar de Porto Alegre; o Coronel Irani Siqueira, representante do Comando Militar do Sul; o Coronel-Aviador Renato Meirelles, representante do V COMAR; o Sr. Cyro Martini, representante da Prefeitura Municipal de Porto Alegre.

Convidamos todos os presentes para, em pé, ouvirmos o Hino Nacional, que será executado pela Banda de Música do Comando Militar do Sul, regida pelo Mestre de Música Subtenente Ivanir.

 

(Executa-se o Hino Nacional.)

 

Queremos saudar o Ver. Valdir Caetano, proponente desta homenagem, saudar os Vereadores aqui presentes, os integrantes do corpo docente e discente do Colégio Militar de Porto Alegre, os senhores oficiais superiores, os oficiais e praças, os ex-alunos, as demais autoridades presentes, a imprensa, as senhoras e senhores que aqui estão.

O Ver. Valdir Caetano, proponente desta homenagem, está com a palavra e falará pelas Bancadas do PL e do PSB.

 

O SR. VALDIR CAETANO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Comandante do Colégio Militar de Porto Alegre, Coronel de Cavalaria Luiz Carlos Padilha, nosso homenageado; ex-Comandantes; oficiais, monitores, professores, alunos e pais, e mais as centenas de pessoas que nos ouvem através da TV Câmara, que um dia tiveram a felicidade de ter os seus destinos enlaçados a esta nobre Escola que é o Colégio Militar de Porto Alegre, que o amam e respeitam, nas lembranças deixadas e que o tempo não anula. Noventa anos, maturidade, dignidade, motivo de orgulho. Quantos homens públicos que se destacaram na vida pública e que passaram pelas suas dependências. Quantos aí forjaram com firmeza sua personalidade, que os levaria com sucesso pela vida, não só na carreira militar, mas também na civil, e ali, entre as paredes amigas, a fidelidade se solidificou, porque aprenderam a amá-lo.

Por que esse sucesso e por que se perpetua há quase um século? Intimamente ligado às tradições, mas não se isola no passado, caminha para o futuro, atualiza-se, promove mudanças, tem sido referencial de ensino de alta qualidade. Com acesso em grandes escalas para o ensino superior. O Velho Casarão da Várzea, como é chamado com carinho, tem sido o foco do sonho de milhares de jovens que quiseram um dia fazer parte da família, mas mesmo não tendo conseguido, a ela mantém seu respeito e admiração profunda.

Tenho ouvido muitos jovens que sonham em entrar no Colégio Militar, como é o de minha filha Sarah. Quantos pais planejam o preparo de seus filhos para pleitear ali uma vaga? Formou presidentes, até mesmo poetas, como Mário Quintana. Formou políticos, como o nosso querido Ver. Pedro Américo Leal, que muito engrandece esta Casa. Pela formação inquestionável, administra, disciplina com respeito, não só por si, mas pela sociedade da qual faz parte. Insere-se na vida como uma célula sadia o faz, a qual se multiplica formando corpos sadios.

Por essa formação que atravessa gerações, que não deixa dúvidas quanto à sua qualidade de ensino, pela colaboração majestosa que o Ministério do Exército faz ao adotar escolas militares, nossa homenagem feita hoje nesta Casa. Parabéns a população de Porto Alegre por ter uma escola como o Colégio Militar, como referencial, principalmente nos dias de hoje, onde o desrespeito se avoluma em todas as áreas. Parabéns a todos: corpo docente, discente, ex-comandantes, alunos, pais, familiares que se irmanam em espírito comunitário em geral. Parabéns a todos aqueles que pelo Colégio Militar puderam um dia passar e dali tirar regras de amor e respeito para a vida. Parabéns alunos, vocês são privilegiados! Que possam agradecer a Deus a cada dia por lhes ter proporcionado esse convívio. Honrem esse privilégio, e levem para a sociedade essa vivência. Que essas células sadias possam continuar se reproduzindo em nossa sociedade, sendo motivo de orgulho e de alegria na certeza de um futuro melhor.

Agradecemos a todos os setores desta Casa e do Colégio Militar que colaboraram para que esta solenidade se concretizasse; ao Coronel Irani Siqueira, da Assessoria Parlamentar do Exército; ao Capitão Gerhardt, do CMPA, que manteve contato direto conosco, nos facilitando os acessos; ao Setor de Relações Públicas, na pessoa da Sr.ª Andréia; o Sr. Aristides, do Cerimonial; a todos os funcionários da Casa e, em especial, ao Coronel Luiz Carlos Padilha, e, enfim, a todos aqui presentes. Que Deus abençoe a todos e a esta Escola com bênçãos sem medidas. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): Registramos, como extensão da Mesa, a presença do Vice-Reitor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, o Sr. José Carlos Ferraz Hennemann.

O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra em nome da Bancada do PFL.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Com muita satisfação, em nome da Bancada do PFL aqui constituída e de sua Liderança, o Ver. Luiz Braz, venho à tribuna para homenagear o Velho Casarão da Várzea, essa tradicional escola militar que remonta ao século passado pelas suas origens e que hoje, oficialmente, comemora os seus noventa anos de atividade institucional, ainda que se pudesse, na sua história, retornar aos idos de 1872, quando lançada foi a sua pedra fundamental na várzea de Porto Alegre, eis que ainda não havia surgido o Parque da Redenção e muito menos o Parque Farroupilha.

A antiga Escola Militar da Província, instituída em 1883 como primeira instituição de ensino superior da Província e também a Escola Preparatória e de Tática de Porto Alegre, surgida em 1903, ensejaram, em 1912, a criação do primeiro Colégio Militar de Porto Alegre, que viria a ser extinto em 1939 para funcionar a partir de então como Escola Preparatória de Cadetes de Porto Alegre - EPC, mudando de nome em 1942 para Escola Preparatória de Porto Alegre - EPPA, visando ambas à preparação para a carreira militar e retornando, mais recentemente, em 1962, a funcionar como Colégio Militar de Porto Alegre, consolidando-se, desde então, como referencial de ensino no Estado.

É evidente que, quando se fala de uma instituição com essas características, temos de buscar as suas conseqüências práticas. Eu, honestamente, desconheço uma conseqüência maior que possa ter criado o Velho Casarão da Várzea do que a saudade que gera naqueles que por ali passaram.

Inúmeras vezes, na vida pública, recebi, em Porto Alegre, pessoas ilustres da República, civis e militares. No adiantado da noite, após a realização de suas tarefas, Ver. Isaac Ainhorn, essas pessoas insistiam em visitar a Rua José Bonifácio para rever, ainda que pela parte externa, o velho casarão, onde tinham passado grande parte de sua juventude.

Por ali - todos nós sabemos - passaram ilustres figuras da vida pública brasileira, desde Getúlio Dornelles Vargas, Eurico Gaspar Dutra, Humberto de Alencar Castelo Branco, Artur da Costa e Silva, Emílio Garrastazu Médici, Ernesto Geisel, e seu irmão Orlando Geisel, João Batista de Oliveira Figueiredo, Adalberto Pereira dos Santos e outros tantos valores de grande destaque da vida pública nacional.

Também outras pessoas, muitas das quais aqui presentes, ali encontraram não só a sua formação escolar, não só a sua preparação para a vida militar, como também a própria essência da sua formação como homens e como cidadãos. Está presente aqui, por exemplo, uma figura que destaco como um referencial de honra e de dignidade, que é o meu particular amigo Rui Medeiros, que sei que por ali também transitou em ambas as posições: como instrutor e como aluno.

Esse é o Colégio Militar que, nos dias presentes, deixou de ser aquela escola que só preparava homens que iriam servir à Pátria. Hoje, adaptado aos tempos modernos, lá se encontram meninos e meninas, jovens, rapazes e moças que continuam a receber um ensino de excelência, de qualidade e comprometido com ideais permanentes, que são o apanágio dessa histórica instituição escolar da cidade de Porto Alegre, que todos nós, gaúchos, nos acostumamos a respeitar como paradigma tão marcante da vida do Estado do Rio Grande do Sul, altamente vinculada com o Exército, com as Forças Armadas, e que todos nós, de uma forma mais candente, mais profunda, ou até não tão intensa, aprendemos a reverenciar.

Todos sabem aqui nesta Casa, eu sou oriundo de uma cidade distante 630 km de Porto Alegre, a cidade de Quaraí, que prosperou, surgiu e nasceu em função de uma guarnição militar ali instalada, o 3.º Regimento de Cavalaria. Todos os que por aqui passavam acabavam chegando a Quaraí, para ali se formarem no contingente do 5.º.

Eu lembro de uma figura muito próxima da minha família, o General Edson Boscácio Guedes, que foi Comandante Militar do Sul, e que foi Comandante do 5.º Regimento de Cavalaria.

Ontem mesmo, quando eu me encontrava aqui em Porto Alegre, em outra solenidade, uma solenidade que marcava o centenário de uma entidade comunitária de larga expressão na sociedade porto-alegrense, que é o Satélite Prontidão, lá encontrava o seu Comandante, o Coronel Luiz Carlos Rodrigues Padilha, a marcar e quase que a me lembrar que hoje eu estaria aqui representando o partido nesta solenidade.

Por isso, Ver. Carlos Garcia, procurando impedir que V. Ex.ª me alerte da necessidade de mantermos o tempo regimental nesta manifestação, eu quero afirmar, como representante do Partido da Frente Liberal, que nós nos sentimos muito honrados em poder somar com a saudade de Porto Alegre, com a tradição de Porto Alegre, com a constituição até da nossa Cidade, e estarmos hoje aqui saudando, meu querido Geyer, o teu Colégio Militar, o Colégio Militar de Porto Alegre. Nele nós identificamos uma contribuição valiosa para o desenvolvimento da sociedade porto-alegrense e gaúcha, que se espraiou pelo Brasil todo, ao ponto de ser uma referência que, com muito orgulho, nós recebemos quando viajamos fora do Rio Grande do Sul, quando nos perguntam como é que está o Velho Casarão da Várzea. É bom que se diga: está com noventa anos, forte e rígido, continuando a cumprir as suas finalidades.

Meus cumprimentos, Coronel. Meus cumprimentos a toda a equipe dirigente do nosso Colégio e meus cumprimentos aos seus alunos, que continuam mantendo viva essa tradição de eficiência, competência, disciplina e, sobretudo, de qualificação e referência no ensino do Rio Grande do Sul. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): O Ver. Estilac Xavier está com a palavra e falará em nome das Bancadas do PT e do PC do B.

 

 O SR. ESTILAC XAVIER: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) É com muita honra e distinção que venho a esta tribuna, nesta Sessão de homenagem ao Colégio Militar de Porto Alegre, representando a Bancada do Partido dos Trabalhadores e a Bancada do Partido Comunista do Brasil. Quando se fala de uma instituição que faz noventa anos e tem a história do Colégio Militar, é preciso falar para aqueles que vem a esta Sessão, Sr. Comandante, para, pelo menos, reafirmar alguns propósitos. Propósitos que podem ser comuns para uma instituição que, pelos registros históricos, pelo menos aqueles sabidos, há noventa anos, procura excelência e formação. Está nos objetivos e na finalidade dessa escola a instrução para os filhos dos militares, para os filhos de civis e o objetivo de despertar vocações para a carreira militar no Exército. É uma escola de qualidade reconhecida, festejada. E eu falo da necessidade de reafirmação de propósitos. Talvez a coisa mais importante a se dizer neste momento para os senhores e senhoras seja que é preciso que a escola, assim como as demais escolas, nos seus noventa anos, reafirme um propósito de fé no povo brasileiro, fé na sua juventude, fé na civilidade; civilidade que se constrói com respeito às diferenças no debate democrático e de profundo respeito à Constituição. Sejamos nós civis ou militares, todos servimos a nossa Pátria, ao nosso País. Portanto, esse devotamento à democracia, à lei e à Constituição nasce não só dentro das escolas civis, mas também se constitui elo fundamental na formação da escola militar. O povo brasileiro, todos nós, portanto, somos os sustentadores dos ensinos no País, e, portanto, a qualidade que o ensino produz, mercê da qualidade de seus dirigentes, deve ser retribuída ao Brasil, e essa retribuição ao Brasil está com o trabalho.

A entrada no Colégio Militar de Porto Alegre é, segundo o que observei nas documentações, por admissão. E, sendo por admissão, é um concurso entre tantos aqueles que desejam estar nos bancos do Colégio Militar. E assim há uma seleção. E, por ser assim, ela remete a uma aceitação voluntária de todos aqueles que querem seguir a forma e o regime de disciplina de instrução militar, quando se recebe o ensinamento médio, preparatório, inclusive, para o curso superior ou para a continuidade na vida militar.

A retribuição, que se fala, para o Brasil é de que todos nós podemos, na medida das nossas condições e competências, fazer com que a riqueza socialmente construída – e, quando se fala de riqueza socialmente construída, não estou falando das riquezas somente materiais, da produção, estou falando também da riqueza espiritual produzida pela humanidade, que está na pesquisa, está na ciência, está na literatura, está na arte -, que ela possa voltar para o povo. O destaque que têm os alunos e alunas do Colégio Militar faz com que nós estejamos convictos de que participam desse desejo.

Nós sabemos também que essa escola teve eminentes alunos: quatro Presidentes da República – independente da opinião política que tenhamos do papel histórico de cada um deles na história do Brasil. Temos aqui a presença, estão nos dados e nos registros, do coronel, colega, nobre Ver. Pedro Américo Leal, pessoa que distingo nesta Casa, e faço questão de fazer esse registro aqui, por sua retidão, honestidade, transparência e lealdade – que está no seu próprio nome. E quando faço esse registro das personalidades que passaram por essa escola, eu destaco que todos nós, hoje, aqui nesta Sessão, somos responsáveis para que possamos produzir, senhor Comandante – que dirige de forma honrada e digna essa instituição -, possamos contribuir para que o Brasil seja um país independente, que tenha soberania, que possamos colocar o nosso povo em condições mínimas para que todos possam ter acesso àquilo que eu falava antes: à riqueza espiritual e à riqueza material mínima, para que todos possam chegar a bancos escolares de qualidade e de excelência, como os em estão aqueles que pertencem ao Colégio Militar de Porto Alegre.

Fica, portanto, o nosso registro, em nome da nossa Bancada, a nossa saudação e a nossa disposição e crença de que o Colégio Militar cumpre uma finalidade social, uma finalidade educacional: de formação; o que faz com que Porto Alegre se orgulhe de estar comemorando os seus noventa anos. Longa vida ao Colégio Militar! A nossa saudação fraterna e afetuosa aos membros discentes, docentes e ao seu comando, ficando o nosso abraço amigo e a contribuição que possamos dar a essa escola, sempre que for necessário, aqui no Legislativo ou fora dele. Muito obrigado. Obrigado, senhores. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra pela Bancada do PDT.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Inicialmente, a nossa saudação à iniciativa do Ver. Valdir Caetano. A sua proposição, Vereador, é daquelas que, de uma certa maneira, deixam cada um desta Casa com uma ponta de inveja, porque cada um gostaria de ser o autor desta iniciativa de V. Ex.ª. Talvez, não tenhamos ainda, Sr. Presidente, mensurado o alcance da homenagem que hoje realizamos nesta Casa, a Câmara Municipal de Porto Alegre. A Câmara Municipal de Porto Alegre, uma instituição que já tem duzentos e vinte e sete anos de idade, presta uma homenagem ao Colégio Militar de Porto Alegre, outra extraordinária instituição brasileira, essa extraordinária instituição cuja história, eu diria, sem medo nenhum de exagerar, se confunde com a história do nosso País, com a história da nossa Pátria.

Os senhores alunos, que estão aqui. Ah, os senhores não sabem a responsabilidade que cada um, na sua individualidade, carrega neste momento por integrar esta instituição de que hoje nós comemoramos os noventa anos, mas que podemos, com tranqüilidade, Cel. Luiz Carlos Rodrigues Padilha, retroceder ao século passado, porque os prolegômenos, os precedentes desta instituição, elas remontam, ainda, à época do Império, e todo o “cadinho” da efervescência política, social, das concepções filosóficas, sim, passou por esta instituição. Então é de assinalar-se a responsabilidade que cada um dos senhores têm por usar a farda do Colégio Militar de Porto Alegre e integrar o seu corpo discente. Eu me orgulho muito, porque de toda essa passagem, embora não tenha estudado nesta instituição, o que muito me aprazaria, mas eu diria até que eu estudei numa outra instituição que nós poderíamos dizer que centenária, também, se constituíam em instituições irmãs, Escola Militar de Porto Alegre e o Colégio Estadual Júlio de Castilhos. Eu digo isso pelo padrão do ensino que ambas escolas sempre tiveram. Eu digo isso, até porque, ainda hoje, felizmente, graças a Deus, somos testemunhas vivas desses episódios; muitos dos professores do Júlio de Castilhos também eram professores da Escola Militar. Aqui mesmo encontra-se um ex-Coronel, Professor daquela escola, meu Professor de Geografia, Túlio Perós, a quem na sua pessoa homenageio o conjunto dos professores dessas duas casas de ensino. Relembro-me de outra figura extraordinária - e eu não era muito aplicado, até porque daí fui para o curso clássico, rumo ao bacharelado, ao Direito -, a figura de um extraordinário professor de matemática, que também perpassou por essas duas casas, e que eu tive a honra de ter a iniciativa de ter dado o nome desse cidadão a uma rua, Professor Coronel Eduardo Maurel Müller.

E vejam os senhores, vejam as senhoras, a importância desta instituição, que se confunde com a própria história do Brasil. Mas por que esta escola, com raízes no século passado, foi implantada no continente da Província de São Pedro? Porque aqui era importante a defesa das nossas fronteiras, aqui realizamos o cuidado com as nossas fronteiras e a manutenção da soberania do nosso País, por intermédio do papel dos militares aqui no extremo meridional do País. Não era por acaso que visualizaram que aqui era importante - vejam na história que é muito rica, felizmente.

Hoje a tecnologia nos proporciona um conjunto de pesquisas e estudos extraordinários sobre esta escola, que remonta lá antes de 1870 – em 1851 –, que cria a primeira Escola Militar na Província de São Pedro do Rio Grande do Sul, o Curso de Infantaria e Cavalaria Militar de Porto Alegre. Lá encontra-se a raiz da nossa instituição, e mais diretamente ligada a ela - é importante assinalar-se –, e são importantes esses registros: o Ofício n.º 849, de 1872, do então Ministro da Fazenda, trata-se da obra do Casarão da Várzea, da construção do novo prédio da escola, no campo do Bom Fim, autorizando o diretor da obra, o Tenente-Coronel Manoel Martins da Silva a proceder, o quanto antes, a medição do terreno, bem como o começo imediato da construção. Autoriza também as despesas com a solenidade de lançamento da pedra fundamental, o que veio a ocorrer em 29 de abril de 1872.

E mais esse detalhe: 1878, na relação demonstrativa dos próprios nacionais pertencentes ao Ministério da Guerra, anexo ao citado relatório, consta a referência ao andamento da construção do grande edifício no Campo do Bom Fim, em Porto Alegre, para o quartel do Exército. O citado campo, hoje, é o Parque Farroupilha.

Eu não vou me alongar, gostaria de falar muito mais, a bibliografia sobre a Escola Militar está aí, do Prof. Laudelino Medeiros e de outras autoridades que escreveram, e merece ser lida e estudada, como o Histórico do Velho Casarão da Várzea, do Coronel Neri Prates; também a sinopse do Histórico do Colégio Militar, do Coronel Flávio Mabilde; igualmente o Histórico da Esquecida Escola de Guerra de Porto Alegre, do Coronel Cláudio Moreira Bento. Eu cito essas obras, porque, vejam os senhores, é um centro permanente de elaboração intelectual, de construção da inteligência brasileira. Esta escola é uma marca, e não é por acaso que aqui foram nominados pelo meu colega Ver. Reginaldo Pujol vários Presidentes da República que passaram por aquela casa. Não é por acaso que tudo isso aconteceu. É importante este ato de reconhecimento ao trabalho que essa Casa vem construindo, desde 1996, numa integração com o Comando Militar do Sul, por meio do Coronel Irani Siqueira, e que tem rendido extraordinários resultados do ponto de vista da integração, porque poder militar e poder civil confundem-se em relação aos patriotas e homens de bem que querem realmente construir um País digno, honesto e limpo, que é o nosso projeto. Muito mais gostaria de dizer, mas, por fim, cito um outro dado importante dessa escola que continua fazendo um trabalho de integração. Essa integração dá-se hoje inclusive com a própria comunidade no entorno do bairro, um trabalho de iniciativa que começou com o Coronel Mármora, Comandante anterior dessa instituição e que teve continuidade com o Coronel Padilha, que hoje coordena o Conselho dos Usuários do Parque Farroupilha, reunindo figuras de responsabilidade da comunidade e autoridades para discutir a questão de segurança no entorno da comunidade. Isso tudo revela como ela não é uma escola fechada para si, para dentro da estrutura da sua instituição, mas ela vive não só para forjar o caráter daqueles que estudam no seu interior, mas ela está também com o conjunto da comunidade, ela está fazendo um trabalho com o objetivo de construir este País, de construir esta sociedade, ligando-se e integrando com o conjunto da sociedade. Parabéns aos noventa anos da Escola Militar; parabéns ao senhor, Coronel Padilha, que tem a honra de presidir essa instituição, neste momento; parabéns a todas as autoridades militares e a nossa invocação a todos aqueles que construíram, no correr de todos esses anos, esse extraordinário trabalho de construção dessa extraordinária instituição. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): O Ver. Pedro Américo Leal está com a palavra e falará em nome da Bancada do PPB.

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores e demais presentes. (Saúda os componentes da Mesa.) Falo em nome dos Vereadores João Antonio Dib, João Carlos Nedel e de Beto Moesch, que são os Vereadores da minha Bancada. Mas hão de me perguntar, os que vieram aqui, onde estão os Vereadores, pois esperavam ver as bancadas completarem os lugares de assento. Eles não estão aqui, pois estão em Comissões Permanentes. Todos os presentes aqui já justificaram suas presenças nas suas Comissões Permanentes, assim como os senhores fazem também na caserna. A coisa é parecida: vai e volta. Era preciso que eu dissesse isso.

Recordar é viver, e, anos da minha juventude, eu vivi naquelas alas em que vocês vivem agora, vocês alunos, e, quando eu digo isso, muitos colegas meus, instrutores, alunos, estão se reportando a esses momentos, não vou citá-los aqui, porque eu posso esquecer de alguns; anos da minha juventude, eu vivi naquelas salas, naqueles alojamentos, naquelas arcadas do Velho Casarão como é conhecido o prédio do Colégio Militar. Ele já foi Escola Militar, ele foi Colégio Militar, ele já foi Escola Preparatória de Cadetes, já foi Escola Preparatória de Porto Alegre, agora é Colégio Militar; é uma evolução natural. Casarão da Várzea: assim é chamado no linguajar antigo dos que já se foram - não estão mais por aqui - e no dizer daqueles que estão provisoriamente, como todos nós, num reconhecimento solene ao velho edifício. Ele abrigou Presidentes da República como Getúlio Vargas, Eurico Gaspar Dutra, Humberto Castelo Branco, Artur da Costa e Silva, Emílio Garrastazu Médici, Ernesto Geisel, João Baptista de Oliveira Figueiredo. São sete Presidentes que aquele Colégio preparou. Eu só encontro paralelo no Casarão do Quartel General, Irani: três Presidentes, eu servi com os três: Costa e Silva, Médici e Figueiredo, e fui amigo desses homens, com muita honra. Ali também passaram ministros, desembargadores, eminentes homens do País, centenas de generais e oficiais das três Forças Armadas: Aeronáutica, Marinha e Exército; sete Presidentes! É coisa.

Homens simples também passaram por ali, que não se projetaram no cenário nacional, mas que contribuíram no anonimato de suas existências para o vir a ser da Pátria Brasileira. Estão lá; marcaram a sua presença. Eles figuraram, contaram ponto, como se diz no atletismo, para a formação da personalidade nacional. Ah, sim! Os tempos passaram, mudaram-se as coisas. Quem não vê o Velho Casarão, quando a noite cai, no silêncio dos homens de serviço, se pode escutar, se pode lembrar de tudo aquilo que viveu ali naqueles pátios através dos tempos. Do vozerio ensurdecedor, das vozes de comando, das entradas em forma, das revistas do recolher. É na expectativa, onde os alunos e cadetes, instrutores, monitores, sargentos... Quem vai dispensar os sargentos? Napoleão nunca abriu mão dos sargentos, indiferente a todas as punições. Lembro-me que cadete ainda fiz uma poesia, que não vou recitá-la aqui, mas quem pela EPA passou sem dar um golpe e só de estudo fez os seus três anos, quem na 21 (sala onde o Estado Maior prendia os homens), e na 21 chorou desenganos, não foi cadete, não conheceu João, não foi cadete, aqui com o perdão da palavra, foi esculhambação. Tudo isso vem a minha mente.

Os instrutores, hoje, fazem “vistas grossas” a alteração dos regulamentos, num pleito solene de homenagem à tradição. De que eu estou falando? Do pacto silencioso de honra, onde os compromissos dos instrutores e discípulos para aquele nome que é gravado ali, com um número do aluno... Lembram-se? Ali se ultraja a fisionomia das belas calçadas. É a tradição militar a espaldar a história acima dos regulamentos. Ninguém vê. Todo mundo passa por ali. Ora, como é que o instrutor pode passar por ali, colocar o pé e não enxergar? Mas, ninguém vê. Expliquem-me, nunca deu cadeia. Como? Podia ter dado. Eu não sei.

Mas, hoje em dia, há um toque diferente nas arcadas que respondem à gritaria dos jovens, dos rapazes de amarelo ou de verde, respondendo presença num grito ensurdecedor: “Presente!”

São vozes suaves, é um eco mais agradável, uma fragilidade elegante no responder, ao dar o presente. Não vou aqui imitar.

As mulheres chegaram, invadiram os alojamentos, as salas de aula, os refeitórios, os pátios, e hoje marcham - chegaram em todos os lugares do Brasil e do mundo – num verdadeiro desacato, acompanhando os homens em paradas marciais.

Meninas moças que, de uniforme, entram em forma, rompem e marcham, competem nos estudos, transportam bandeiras. E não faz muito, a comandante-aluno de todo o Colégio Militar era uma mulher e a subcomandante também era! Eu fiquei apavorado! Mas como?

Seus calcanhares marcam o solo, buscam cadência de forma elegante e bela, como só sabe fazer o sexo feminino, marcham apresentando armas e não destoando do cenário da Caserna.

O que dirão essas arcadas? As arcadas do Colégio e das escolas vendo acontecer este fato? O que falta mais acontecer? Não sei.

Presenciam tudo, inertes, mas não indiferentes às histórias das gerações que passam, mudas e, se pudessem se expressar, diriam que a juventude sofreu uma transformação, embora, na família militar, essas transformações sejam mais vagarosas, mas predominaram para a boa preservação dos costumes, no equilíbrio da natureza.

Pouco tempo atrás, tive a oportunidade de escrever na revista Hiléia - Medina, vocês se lembram? - com outros eminentes brasileiros que colaboraram num artigo despretensioso que, embora tenha procurado em meus guardados, não o encontrei, nem a revista, nem o artigo. Mas o artigo era – estive com Passarinho e com mais outras pessoas – É a mesma juventude, esse era o título. E o que é que eu dizia? Transportei-me, na ocasião, ao batalhão escolar, formado por moças e rapazes, quando vi a moça comandante e a moça subcomandante.

Ao transpor o portão, eu tinha deixado uma juventude civil, que caracteriza as manhãs da Redenção, onde o meu colega Ver. Reginaldo Pujol colocou o Brique da Redenção, numa algazarra muito grande, sem orientação, colégios que vagavam - e o Colégio Tiradentes está se segurando para não cair nessa bagunça. Está resistindo. Quero ficar no âmbito militar, no regime militar. Deixem-me ficar! Ele está pedindo.

Ao entrar no Colégio, percorri 50m e deparei-me com a mocidade em forma. Cheguei atrasado naquele dia, sem justificativa. E estava rumando para o palanque; como cheguei atrasado, olhei para trás e sentia a algazarra daquela mocidade, que sem orientação alguma ficou lá para fora do portão das armas. E eu então, naqueles 50m que separavam de um mundo do outro, eu pensei: Mas, é a mesma mocidade? O que é que houve? O que colocaram ali que estava diferente? Não vou ler o resto do discurso. O batalhão em forma, em silêncio, completamente enquadrado. E aquela mocidade, fora do portão das armas, completamente desorientada, dando tapas, sem uniforme, não sei o que fazendo, para não dizer outras coisas. Por que aqueles dois mundos, por que aqueles dois Brasis? Então, escrevi aquele artigo: É a mesma juventude? Lembra, Medina? Eu olhava para um, olhava para outro, mas como, em que mundo eu estou? Qual o Brasil certo?

Não pude ler todo o meu discurso, vou poupá-los, mas fica aqui a indagação. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): O Ver. Almerindo Filho está com a palavra pelo PSL.

 

O SR. ALMERINDO FILHO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Pensar no Colégio Militar é refletir acerca da história de Porto Alegre, uma história de homens de garra, de princípios, de valores éticos e morais que balizam a sustentação da sociedade democrática de direito. Essa história há muito anda apagada pelo surgimento de novos valores de uma sociedade mutante e híbrida, desprovida dos valores para os quais o Colégio Militar foi formado.

Um colégio, por si só já mereceria todo o nosso respeito. No entanto, o Colégio Militar merece mais, pois é voltado à construção de homens e mulheres de caráter, forjados no fogo dos princípios e da disciplina para serem os novos líderes da nossa Cidade, do nosso Estado e da nossa Nação. Creio na juventude, mas creio mais na juventude ordeira, disciplinada e que tem objetivos claros, características que não se encontram facilmente hoje em dia. Caráter, honra e firmeza de propósitos é o que creio ser mais importante estimularmos nesses jovens. Vários problemas de nossa Nação seriam superados se existissem mais jovens com esse perfil.

Minhas felicitações aos diretores, professores e funcionários do Colégio Militar. Aos alunos, desejo um futuro brilhante, repleto de experiências marcantes em suas vidas, mas, acima de tudo, um currículo de vitórias. Que Deus abençoe a todos grandemente. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): O Cel. Luiz Carlos Rodrigues Padilha, Comandante do Colégio Militar de Porto Alegre, está com a palavra.

 

O SR. LUIZ CARLOS RODRIGUES PADILHA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Em nome dos integrantes do Colégio Militar de Porto Alegre, agradeço sensibilizado esta homenagem que, mais uma vez, prova o carinho e a consideração que o Poder Legislativo Municipal tem para com o nosso estabelecimento de ensino.

A relação de Porto Alegre com o Colégio Militar estabeleceu-se com tanta personalidade, que hoje em dia é difícil, quase impossível, imaginar uma fotografia de Porto Alegre sem ele. E o panorama de que faz parte o Colégio Militar não afeta apenas a imaginação das várias gerações que por ele passaram e nele se formaram, mas a todos os porto-alegrenses e gaúchos que têm na memória - E quem não o tem? - o trajeto percorrido na Rua José Bonifácio, na Rua Venâncio Aires, na Rua Santana, na Rua Vieira de Castro e em suas adjacências.

Hoje, o coração da nossa Cidade, o Parque Farroupilha, a velha Redenção é impensável sem a arquitetura forte do Velho Casarão da Várzea.

Por isso tudo, pela relação da Cidade com o nosso Colégio, recebemos com muito orgulho a homenagem que é prestada aos 90 anos de existência do Colégio Militar. Trata-se, na verdade, de um duplo reconhecimento. O de Porto Alegre, por um Colégio dos mais tradicionais, que já faz parte da sua história cívica, política e pedagógica. O do Colégio Militar de Porto Alegre, por tudo que essa Casa fez, faz e fará pela manutenção de um ensino de alto nível em nossas escolas.

Permitam-me retroceder no tempo para melhor explicar minhas palavras. Mês de outubro de 1961, o então Cel. Altino Berthier Brasil, Professor da Escola Preparatória de Porto Alegre, envia artigo ao seu amigo Dr. Adail Borges Fortes da Silva, Secretário, na época, do jornal Correio do Povo e ex-aluno do Colégio Militar de Porto Alegre, artigo esse que serviria de base para um editorial do referido jornal e que abordava o fechamento da Escola Preparatória e a preocupação com o destino das instalações.

Com essa publicação, nossas autoridades municipais e estaduais, uníssonas, desencadearam um avassalador movimento de opinião pública pelo restabelecimento do Colégio Militar, que já existira no período de 1912 a 1938. O fato passou a constituir-se no assunto de maior relevância para a nossa coletividade, que conservava bem viva a tradição do antigo Colégio Militar de Porto Alegre. A notícia repercutiu na Capital do País e, praticamente em trinta dias, a Escola Preparatória de Porto Alegre foi transformada no atual Colégio Militar de Porto Alegre.

Mas tudo isso aconteceu graças à ação do Dr. Célio Marques Fernandes, na época Vereador desta Câmara que, entre outras, foi a primeira autoridade a emprestar o seu prestigioso apoio à iniciativa. Creio mesmo que foi em virtude dessa pronta e decidida atitude que a nossa Capital foi dotada, novamente, de um Colégio Militar.

Disse o Ver. Célio Marques Fernandes, em longo discurso na Câmara de Vereadores, no dia 31 de outubro de 1961, que se declarava a serviço da população de Porto Alegre na luta pela abertura do Colégio Militar que confraterniza, em uma mesma colméia de trabalho, futuros profissionais dos mais variados ramos de atividade.

O Vereador apresentou à Mesa uma proposição, solicitando que a Câmara se dirigisse às autoridades e, especialmente, ao Presidente da República e ao Ministro da Guerra na época, no sentido da imediata criação de um colégio militar em substituição à Escola Preparatória de Porto Alegre, cuja extinção já estava decidida.

Disse ainda o Ver. Célio Marques Fernandes o que esperava dos futuros alunos do Colégio Militar: “Guardariam da convivência com antigos colegas vínculos de amizade ou de camaradagem que mais tarde serviriam para aproximar homens de diversas tendências que, colocados no mesmo pé de igualdade quanto às lições de civismo que receberiam, haveriam de se transformar em equipes para melhor servir à Pátria comum. Assim, independente da profissão, reencontrar-se-iam e juntos engrossariam as fileiras dos que trabalham pelo progresso da Nação. O movimento pela volta do Colégio Militar deve, pois, ser intensificado. E não só em nome do presente, que exige maiores esforços no setor educacional; como do futuro, que espera a entrada em cena das novas gerações; mas, ainda, do passado, da tradição que devemos cultuar ao invés de relegá-la ao plano do esquecimento.”

Reitero, assim, o nosso mais profundo agradecimento aos membros desta Casa pela homenagem prestada ao Velho Casarão da Várzea. Aos oradores, Vereadores Reginaldo Pujol, Estilac Xavier, Isaac Ainhorn, Pedro Américo Leal e Almerindo Filho; bem como ao Ex.mo Sr. Ver. Carlos Alberto Garcia, que dirige os trabalhos no presente momento, e particularmente ao Ver. Valdir Caetano, proponente desta Sessão, o nosso mais profundo reconhecimento. Nosso muito obrigado aos integrantes de todos os tempos da Escola Preparatória de Porto Alegre e do Colégio Militar de Porto Alegre, aos comandantes de organizações militares, às autoridades civis e militares que nos honraram e distinguiram com suas ilustres presenças.

Felicidades! Muito obrigado. E, se Deus quiser, nos encontraremos no centenário do nosso Velho Casarão. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): Prezado Coronel Padilha, podemos dizer que hoje tivemos uma aula da história da Cidade. Quero também, Coronel, me referir à minha alegria em poder estar presidindo esta Sessão, hoje, e falar do meu primeiro contato com o Colégio Militar, exatamente, há trinta anos, quando então, jovem Professor de Educação Física, que trabalhava no Parque Ramiro Souto e era Técnico do Esporte Clube Internacional, lembro-me que na época os alunos do Colégio Militar eram dispensados para treinar, à tarde, lá no Ramiro Souto. Eu nunca tive tanto atleta do Colégio Militar. Até hoje não sei se eles queriam treinar atletismo ou se era porque eram liberados do estudo obrigatório. Mas tivemos inúmeros atletas e, inclusive, vários campeões brasileiros.

Vejo aqui, e quero fazer essa homenagem, o Sargento Feijó, a quem quero parabenizar como uma pessoa sempre constante, bem como o Coronel Nascimento, que era do Colégio Militar e, hoje, é o Vice-Comandante do CPOR, sempre com uma atuação na área do ensino.

Eu me lembro que aquela harmonia só era rompida na tradicional competição das armas, porque aí era acirrada a parte esportiva. O Colégio Militar tem essa característica que o Coronel, Vereador, Professor e Psicólogo Pedro Américo Leal sempre diz, ele é formado na questão da hierarquia e da disciplina, e isso ajuda a formar, cada vez mais, homens melhores e comprometidos.

Então, como o Colégio Militar busca essa qualidade de ensino formando homens, nós, em nome desta Casa, queremos parabenizar o Colégio Militar pelos seus 90 anos em prol da educação e da formação do cidadão, não só de Porto Alegre, não só do Rio Grande do Sul, mas do cidadão brasileiro.

Neste momento convidamos a todos os presentes para cantarmos a Canção do Colégio Militar de Porto Alegre que será executada pela Banda de Música do Comando Militar do Sul, regida pelo Mestre de Música, Subtenente Ivanir, e a seguir ouviremos o Hino Rio-Grandense.

 

(Apresentação da Banda de Música do Comando Militar do Sul, regida pelo Mestre de Música Subtenente Ivanir.)

 

Senhores, queremos agradecer a todos pela presença. Estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.

 

(Encerra-se a Sessão às 16h23min.)

 

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